terça-feira, 19 de maio de 2020

Ainda hoje, assim como na
alegoria, a maioria das pessoas
tende a permanecer em sua zona
de conforto, pois mudanças
sempre irão gerar um certo grau de
desconforto inicial. O novo sempre
assusta, e ficar onde se conhece
mais gera um grau de segurança
muito maior.
Entretanto, assim como o homem
idealizado por Platão que sai da
caverna e fica extasiado com o
mundo exterior, o mundo
verdadeiro assim também ficará
para aquele que vencer a
tendência natural e o medo
inerente às mudanças.
A realidade atual é muito diferente
da realidade de 15 ou 20 anos
atrás. Os acontecimentos ocorrem
em uma velocidade que causa
muitas vezes perplexidade a todos,
seja nas relações laborais como
também nas relações
interpessoais.
Quando um empregado era
contratado por uma empresa, a
tendência seria ele permanecer na
mesma até sua aposentadoria ou
falecimento. Hoje, aponta-se que a
cada 3 ou 5 anos o empregado é
demitido ou troca de emprego por
vontade própria.
Nas relações pessoais, se antes o
casamento era literalmente para
vida toda, hoje a facilidade com
que se contrai matrimônio é a
mesma basicamente (salvo
exceções legais) com que se
desfaz tal enlace, bastando uma
vontade mútua para romper tal
relação e podendo inclusive
prescindir da presença de um juiz
de Direito.
É possível perceber que o
pensamento de Platão continua
atual e necessário. A busca pela
verdade ao se optar pela saída da
caverna, da escuridão e da
ignorância não é fácil, pressupõe
uma vontade de superar antigos
paradigmas, de se abrir para o
novo.
Para isso, faz-se necessário um
tempo para refletir, para pensar,
pois os gregos já falavam sobre a
necessidade do ócio para se
filosofar. Esse tema será mais bem
tratado no capítulo referente ao
momento atual de substituição da
vida contemplativa pela vida ativa,
segundo Hannah Arendt.
Aplicar essa ideia platônica mostra
também a humildade em
reconhecer o erro e buscar o
caminho correto. É pensar, refletir,
analisar tudo e todas as
informações que chegam até nós.
(Rodrigues Pereira).

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