segunda-feira, 26 de abril de 2010

"A maneira de andar como quem busca estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra os muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal - cravado.
O pensamento a abrir estradas numa várzea distante.
Diante do mar, a sede, a sede de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia, a tarde e o amor.

O coração que bate ao som de fábulas.
Que bate contra rochedos mortos numa praia de cinza onde palpita o primeiro amor.
Coração eterno."

Afonso Felix de Sousa, in autoretrato
"Se em certa altura tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa tivesse dito as frases que só agora, no meio-sono, elaboro —
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro seria levado a ser outro também.

Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais...
Mas só agora o que nunca foi, nem será de novo, me dói."
(Fernando Pessoa)
Não durmo, e o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

(Fernando Pessoa)
"Eu não possuo o meu corpo. Como posso eu possuir com ele? Eu não possuo a minha alma. Como posso possuir com ela? Possui alguém o rio que passa? Possui alguém o vento que passa? Possuímos nós alguma coisa? Se nós não sabemos o que somos, como sabemos nós o que possuímos?"

( Fernando Pessoa ).

terça-feira, 20 de abril de 2010

22 DE ABRIL

ESSE MÊS EM DIA QUE NÃO CONSEGUIMOS CONFIRMAR, NO ANO DE 500 d.C; VERIFICOU-SE TERRÍVEL ENCONTRO, ENTRE OS AGUERRIDOS EXÉRCITOS DA BEÓCIA E O DE CRETA.
VENCERAM OS CRETINOS, QUE ATÉ AGORA ESTÃO NO GOVERNO DE UM PAÍS LONGIQUO, BELO E EXTREMAMENTE DESIGUAL CHAMADO, BRASIL...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

trechos de cartas de Sêneca a Lucilio

"[...]reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.

Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!

Procede, portanto, caro Lucílio, conforme dizes: preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguirás depender menos do dia de amanhã. De adiamento em adiamento, a vida vai-se passando."



“Queres saber qual é a coisa que com maior empenho deves evitar? A multidão! Ainda não estás em estado de freqüentá-la em segurança. Eu confesso-te sem rodeios a minha própria fraqueza: nunca regresso com o mesmo carácter com que saí de casa; algo do que já pusera em ordem é alterado, algo do que já conseguira eliminar, regressa! O mesmo que sucede aos doentes que uma longa debilidade não deixa ir a parte alguma sem recaída, nos acontece, a nós, cujo espírito se está refazendo de uma prolongada enfermidade. É-nos prejudicial o convívio com muita gente: não há ninguém que nos não pegue qualquer vício, nos contagie, nos contamine sem nós darmos isso. Por isso, quanto maior é a massa a que nos juntamos, tanto maior é o perigo.”



“Admito que é inata em nós a estima pelo próprio corpo, admito que temos o dever de cuidar dele. Não nego que devamos dar-lhe atenção, mas nego que devamos ser seus escravos. Será escravo de muitos quem for escravo do próprio corpo, quem temer por ele em demasia, quem tudo fizer em função dele. Devemos proceder não como quem vive no interesse do corpo, mas simplesmente como quem não pode viver sem ele. Um excessivo interesse pelo corpo inquieta-nos com temores, carrega-nos de apreensões, expõe-nos aos insultos; o bem moral torna-se desprezível para aqueles que amam em excesso o corpo.”


“O homem forte vê; reconhece que o ferimento que aceita é um mal. Não falseia a realidade nem inverte seu valor, saboreia-a como ela realmente é: não ama a morte, não despreza a vida. A fortaleza pressupõe, em certo sentido, que o homem tema o mal; a sua essência não está em não experimentar qualquer sensação de medo, mas em não se deixar dominar por ele ao ponto de chegar a abster-se de realizar o bem.”

“Portanto, fortaleza não significa ausência de medo. É forte todo aquele que, embora sentido medo de males não extremos e transitórios, não se deixa convencer a renunciar aos bens últimos e intrínsecos e aceita incondicionalmente a coisa que teme."

sábado, 17 de abril de 2010

POEMAS DE DIOGO CINTRA

Dama cósmica

Acorde-me com o ouro vulgar

da existência, mostre-me os

jardins, que sorriem metáforas


Moinhos não movem sonhos,

O sol egocêntrico não diz

palavras, as chuvas de

verbos não conjugam a

alma!


A não alfabetizada essência

recita piedade, no fim da

noite dança a liberdade


Em seu pranto em forma

de canção, em seu manto

feito dos estilhaços da razão


Envolva-me no vinho prometido,

Encarcere-me na fuga da vaidade,

Um travesseiro de céu para dormir,

algo que me prenda nesse espelho

de papel...


Inverno


O céu está igual ao horrível

céu da igreja de *Aveurs-sur-Oise

Tinta espessa invade meus

pulmões!


Netuno envolve os caixotes

vermelhos nas colinas!

Das árvores caem folhas

de moedas e cinzas!


Santos de areia calmos

como uma baía de silêncios

conduzem-me a um purgatório

de saborosas maravilhas...


* Van Gogh - L'EGLISE D'AUVERS-SUR-OISE

(A igreja de AUVERS-SUR-OISE - bairro parisiense)


Desaparecido

Quanto tempo esperei em minha torre de vento?

Vozes bebi na margem do rio, sem nenhuma

alma livre para dar-me um beijo cor de lis.


Que venha a minha chuva de redenção!

Escuto a transpiração do céu que leva

a esperança em seus longos cabelos

festejados pelas ruas da perfeição.


Que venha a supressão do meu ouro

e possa ver meus anjos de kryptonita

evaporando da cabeça da noite!


Que uma santa de ópio toque meus olhos

e os corações dos batentes que se calam

nos espelhos soberanos da felicidade.


Que venha! Com os silenciosos verbos

solares da meia noite e possa ver-te

flutuando sobre as mais lindas cores...


Poeta de mentira

Rato descobrindo tesouros,

louca psicose ilustrada de

aborto, grito embebido

voando para o poço


Muitos preferem chorar

prefiro encenar, lágrimas

são lidas no chuveiro, ego

de ouro, cavalo de ferro


Fumei versos, acordei no

carnaval, inconsciente coletivo

relógio surreal


Pobre Babilônia a deixei

com insônia ! Fiz o sol beijar

a lua, o incesto continua


Amanhã serei ladrão com

alma de cego; delinqüente mão

risonha, galhofas em

noite incandescente


Ninguém a aplaudir, olhos

a ferir, foguete a mentir

Demagogo buraco onde

o sol padeceu deitado,

em um dia de assalto.

MEU BOM E VELHO AMIGO DIOGO CINTRA.

Desaparecido


Quanto tempo esperei em minha torre de vento?

Vozes bebi na margem do rio, sem nenhuma

alma livre para dar-me um beijo cor de lis.


Que venha a minha chuva de redenção!

Escuto a transpiração do céu que leva

a esperança em seus longos cabelos

festejados pelas ruas da perfeição.


Que venha a supressão do meu ouro

e possa ver meus anjos de kryptonita

evaporando da cabeça da noite!


Que uma santa de ópio toque meus olhos

e os corações dos batentes que se calam

nos espelhos soberanos da felicidade.


Que venha! Com os silenciosos verbos

solares da meia noite e possa ver-te

flutuando sobre as mais lindas cores...

sábado, 3 de abril de 2010

FELIZ PÁSCOA...

OS HOMENS JAMAIS FAZEM O MAL TÃO COMPLETAMENTE E COM TANTA ALEGRIA,
COMO QUANDO O FAZEM A PARTIR DE UMA CONVICÇÃO RELIGIOSA.
( BLAISE PASCAL ).


A FALSIDADE TEM UM INFINIDADE DE COMBINAÇÕES, MAS A VERDADE SÓ TEM UM JEITO DE SER.
( JEAN JACQUES ROSSEAU ).


NADA NOS DEIXA MAIS SOLITÁRIOS DO QUE NOSSOS SEGREDOS...
( PAUL TOURNIER ).


DUAS ESTRADAS SE BIFURCARAM NO MEIO DA MINHA VIDA,
OUVI UM SÁBIO DIZER.
PEGUEI A ESTRADA MENOS USADA.
E ISSO FEZ TODA A DIFERENÇA CADA NOITE E CADA DIA.
( LARRY NORMAN ).


QUEM DECIDE SE COLOCAR COMO JUIZ DA VERDADE E DO CONHECIMENTO É NAUFRAGADO PELA GARGALHADA DOS DEUSES...
( ALBERT EINSTEIN ).