O SUPREMO CASTIGO
EM TODOS OS AERÓDROMOS, EM TODOS OS ESTÁDIOS, NO PONTO PRINCIPAL DE TODAS AS METRÓPOLES, EXISTE -QUEM É QUE NÃO VIU?- AQUELE CARTAZ...
DE MODO QUE, SE A CIVILIZAÇÃO DESAPARECER E SEUS DISPERSOS E BÁRBAROS SOBREVIVENTES TIVEREM DE RECOMEÇAR TUDO DESDE O PRINCÍPIO - ATÉ QUE UM DIA TAMBÉM TENHAM SEUS PRÓPRIOS ARQUEÓLOGOS -, ELES HÃO DE SEMPRE ENCONTRAR, NOS MAIS DIVERSOS PONTOS DO MUNDO INTEIRO, AQUELA MESMA PALAVRA.
E PENSARÃO QUE COCA-COLA ERA O NOME DO NOSSO DEUS !!!
** PALAVRAS... QUE FALAM POR MIM AQUILO QUE AS VEZES AINDA NEM PENSEI C0M TAMANHA CLAREZA, OU LOUCURA...OU AINDA COM UMA IDEIA CONTRÁRIA AS POR MIM CONHECIDAS... ATÉ POR PURA FELICIDADE ENCONTRA-LAS, DE FORMA INTIMA. OU, DESENVOLVE-LAS, A PARTIR DE UM NOVO PONTO DE VISTA.
sábado, 31 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
ASSIM FALOU ZARATUSTRA
Um Livro para Todos e Ninguém
O homem é uma corda, atada entre o animal e o além-do-homem - uma corda sobre um abismo.
Perigosa travessia, perigoso a-caminho, perigoso olhar-para-trás, perigoso arrepiar-se e parar.
Amo aquele que açoita seu deus, porque ama seu deus: pois tem de ir ao fundo pela ira de seu deus.
Aquele que quebra suas tábuas de valores, o quebrador, o infrator: - mas este é o criador.
Três transmutações vos cito do espírito: como o espírito se torna em camelo, e em leão o camelo, e em criança, por fim, o leão.
O que é pesado? assim pergunta o espírito de carga, assim ele se ajoelha, igual ao camelo, e quer ser bem carregado.
No mais solitário deserto ocorre a segunda transmutação: em leão se torna aqui o espírito, liberdade quer ele conquistar, e ser senhor de seu próprio deserto.
"Tu-deves" está em seu caminho, cintilante de ouro, um animal de escamas, e em cada escama resplandece em dourado: "Tu deves!"
Valores milenares resplandecem nessas escamas, e assim fala o mais poderoso de todos os dragões: "todo o valor das coisas - resplandece em mim".
Criar novos valores - disso nem mesmo o leão ainda é capaz: mas criar liberdade para nova criação - disso é capaz a potência do leão.
Tomar para si o direito a novos valores.
Inocência é a criança, e esquecimento, um começar-de-novo, um jogo, uma roda rodando por si mesma, um primeiro movimento, um sagrado dizer-sim.
Sim, para o jogo de criar, meus irmãos, é preciso um sagrado dizer-sim: sua vontade quer agora o espírito, seu mundo ganha para si o perdido mundo.
Ai, meus irmãos, esse deus, que eu criei, era obra humana e delírio humano, igual a todos os deuses!
Homem era ele, e apenas um pobre pedaço de homem e de eu: de minha própria cinza e brasa ele veio a mim, esse espectro, e - em verdade! Não me veio do além!
Ainda não estas livre, procuras ainda pela liberdade.
As livres alturas queres ir, de estrelas tem sede tua alma. Mas também teus maus impulsos têm sede de liberdade.
Teus cães selvagens querem sair para a liberdade; ladram de prazer em seu porão, quando teu espírito trata de soltar todas as prisões.
Ainda és para mim um prisioneiro, que pensa na liberdade.
Purificar-se precisa ainda o libertado do espírito. Muito de prisão e de mofo ainda persiste nele: puro precisa ainda tornar-se seu olho.
Novo quer o nobre criar, e uma nova virtude.
Mas não é Esse o perigo para o nobre, tornar-se um bom, mas tornar-se um insolente, um escarnecedor, um aniquilador.
Mas, por meu amor e esperança, eu te exorto: não atires fora o herói que está em tua alma! Mantém sagrada tua mais alta esperança!
Assim falou Zaratustra.
Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Friamente também ele mente; e esta mentira rasteja de tua boca: "Eu, o Estado, sou o povo".
Mas o estado mente em todas as línguas de bem e mal; e, fale ele o que for, ele mente - e o que quer que ele tenha, ele roubou.
Falso é tudo nele; com dentes roubados ele morde, esse mordaz. Falsas são até mesmo suas vísceras.
São demasiado muitos os que nascem: para os supérfluos foi criado o Estado!
Valores foi somente o homem que pôs nas coisas, para se conservar - foi ele somente que criou sentido para as coisas, um sentido de homem! Por isso ele se chama de "homem", isto é: o estimador.
Mutação dos valores - essa é a mutação daqueles que criam. Sempre aniquila, quem quer ser um criador.
Inesgotados e inexplorados estão ainda o homem e a terra do homem.
Querer liberta: eis a verdadeira doutrina da vontade e da liberdade - assim Zaratustra a ensina a vós.
A vontade de potência - a inesgotável e geradora vontade de vida.
Sim, mesmo quando manda em si próprio: também aqui tem ainda de pagar pelo mando. Por sua própria lei ele tem de se tornar juiz e vingador e vítima.
Onde encontrei vida, ali encontrei vontade de potência; e até mesmo na vontade daquele que serve encontrei a vontade de ser senhor.
Somente, onde há vida, há também vontade.
Amar e sucumbir: isso rima desde eternidades. Vontade de amor: isto é, estar disposto também para a morte. Assim falo eu aos covardes que sois!
Um Livro para Todos e Ninguém
O homem é uma corda, atada entre o animal e o além-do-homem - uma corda sobre um abismo.
Perigosa travessia, perigoso a-caminho, perigoso olhar-para-trás, perigoso arrepiar-se e parar.
Amo aquele que açoita seu deus, porque ama seu deus: pois tem de ir ao fundo pela ira de seu deus.
Aquele que quebra suas tábuas de valores, o quebrador, o infrator: - mas este é o criador.
Três transmutações vos cito do espírito: como o espírito se torna em camelo, e em leão o camelo, e em criança, por fim, o leão.
O que é pesado? assim pergunta o espírito de carga, assim ele se ajoelha, igual ao camelo, e quer ser bem carregado.
No mais solitário deserto ocorre a segunda transmutação: em leão se torna aqui o espírito, liberdade quer ele conquistar, e ser senhor de seu próprio deserto.
"Tu-deves" está em seu caminho, cintilante de ouro, um animal de escamas, e em cada escama resplandece em dourado: "Tu deves!"
Valores milenares resplandecem nessas escamas, e assim fala o mais poderoso de todos os dragões: "todo o valor das coisas - resplandece em mim".
Criar novos valores - disso nem mesmo o leão ainda é capaz: mas criar liberdade para nova criação - disso é capaz a potência do leão.
Tomar para si o direito a novos valores.
Inocência é a criança, e esquecimento, um começar-de-novo, um jogo, uma roda rodando por si mesma, um primeiro movimento, um sagrado dizer-sim.
Sim, para o jogo de criar, meus irmãos, é preciso um sagrado dizer-sim: sua vontade quer agora o espírito, seu mundo ganha para si o perdido mundo.
Ai, meus irmãos, esse deus, que eu criei, era obra humana e delírio humano, igual a todos os deuses!
Homem era ele, e apenas um pobre pedaço de homem e de eu: de minha própria cinza e brasa ele veio a mim, esse espectro, e - em verdade! Não me veio do além!
Ainda não estas livre, procuras ainda pela liberdade.
As livres alturas queres ir, de estrelas tem sede tua alma. Mas também teus maus impulsos têm sede de liberdade.
Teus cães selvagens querem sair para a liberdade; ladram de prazer em seu porão, quando teu espírito trata de soltar todas as prisões.
Ainda és para mim um prisioneiro, que pensa na liberdade.
Purificar-se precisa ainda o libertado do espírito. Muito de prisão e de mofo ainda persiste nele: puro precisa ainda tornar-se seu olho.
Novo quer o nobre criar, e uma nova virtude.
Mas não é Esse o perigo para o nobre, tornar-se um bom, mas tornar-se um insolente, um escarnecedor, um aniquilador.
Mas, por meu amor e esperança, eu te exorto: não atires fora o herói que está em tua alma! Mantém sagrada tua mais alta esperança!
Assim falou Zaratustra.
Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Friamente também ele mente; e esta mentira rasteja de tua boca: "Eu, o Estado, sou o povo".
Mas o estado mente em todas as línguas de bem e mal; e, fale ele o que for, ele mente - e o que quer que ele tenha, ele roubou.
Falso é tudo nele; com dentes roubados ele morde, esse mordaz. Falsas são até mesmo suas vísceras.
São demasiado muitos os que nascem: para os supérfluos foi criado o Estado!
Valores foi somente o homem que pôs nas coisas, para se conservar - foi ele somente que criou sentido para as coisas, um sentido de homem! Por isso ele se chama de "homem", isto é: o estimador.
Mutação dos valores - essa é a mutação daqueles que criam. Sempre aniquila, quem quer ser um criador.
Inesgotados e inexplorados estão ainda o homem e a terra do homem.
Querer liberta: eis a verdadeira doutrina da vontade e da liberdade - assim Zaratustra a ensina a vós.
A vontade de potência - a inesgotável e geradora vontade de vida.
Sim, mesmo quando manda em si próprio: também aqui tem ainda de pagar pelo mando. Por sua própria lei ele tem de se tornar juiz e vingador e vítima.
Onde encontrei vida, ali encontrei vontade de potência; e até mesmo na vontade daquele que serve encontrei a vontade de ser senhor.
Somente, onde há vida, há também vontade.
Amar e sucumbir: isso rima desde eternidades. Vontade de amor: isto é, estar disposto também para a morte. Assim falo eu aos covardes que sois!
PASCAL
Por mais triste que um homem se ache, se acaso o convencermos a entrar num divertimento, será feliz durante esse período; e o homem mais feliz, se não se estiver divertindo e ocupando com alguma paixão ou com alguma distração que impeça o tédio de se propagar, logo se sentirá triste e infeliz.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
* AQUELE PERFUME QUE OUTRORA EVOCAVA LEMBRANÇAS DE PROMESSAS E SENTIMENTOS DE ESPERA ANSIOSA, AGORA IRRITARIA SUA NARINA COMO UMA ACETONA DE QUEM APAGA UM ESMALTE VELHO.
PASSARIA MILHARES E MILHARES DE VEZES O ALGODÃO UMEDECIDO TENTANDO APAGA-LO DA MEMÓRIA, MAS TUDO QUE CONSEGUIRIA SERIA UMA MORNA SENSAÇÃO DE ÁLCOOL EVAPORANDO VAGANDO ENTRE O SUBLIME E O RISÍVEL. ASSIM, SEM NUNCA TER ENTRADO EM CONTATO DE FATO, DESPRENDERIA DA MÃO COMO UMA LUVA E SE PERDERIA NA INEXISTENTE INTENÇÃO DE CARINHO E NO GESTO INDECISO DE ADEUS... MAS INVARIAVELMENTE SEMPRE ME LEMBRARIA EM DESPEDIDAS, EM TODAS AS DESPEDIDAS PELO RESTO DA SUA VIDA. "
( NICK FAREWELL IN GO ).
PASSARIA MILHARES E MILHARES DE VEZES O ALGODÃO UMEDECIDO TENTANDO APAGA-LO DA MEMÓRIA, MAS TUDO QUE CONSEGUIRIA SERIA UMA MORNA SENSAÇÃO DE ÁLCOOL EVAPORANDO VAGANDO ENTRE O SUBLIME E O RISÍVEL. ASSIM, SEM NUNCA TER ENTRADO EM CONTATO DE FATO, DESPRENDERIA DA MÃO COMO UMA LUVA E SE PERDERIA NA INEXISTENTE INTENÇÃO DE CARINHO E NO GESTO INDECISO DE ADEUS... MAS INVARIAVELMENTE SEMPRE ME LEMBRARIA EM DESPEDIDAS, EM TODAS AS DESPEDIDAS PELO RESTO DA SUA VIDA. "
( NICK FAREWELL IN GO ).
" NEGO-ME A ACEITAR O FIM DO HOMEM. EU ACREDITO QUE O HOMEM RESISTIRÁ COMO PREVALECERÁ... ELE É IMORTAL, NÃO PORQUE APENAS DENTRE AS CRIATURAS SEJA DOTADO POR UMA VOZ INEXAURÍVEL, MAS POR POSSUIR UMA ALMA, UM ESPIRITO CAPAZ DE COMPAIXÃO, DE SACRIFÍCIO, DE SUPORTAR O SOFRIMENTO... A VOZ DO POETA NÃO DEVE SERVIR APENAS DE TESTEMUNHO DO HOMEM: ELA DEVERÁ SER TAMBÉM UMAS DAS ESTACAS, UM DOS PILARES QUE AJUDARÃO A RESISTIR E A VENCER. "
( WILLIAN FAULKNER ).
( WILLIAN FAULKNER ).
domingo, 25 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
SÍNTESE DAS ANTÍTESES
Lao Tse
Só temos consciência do belo,
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
Porquanto, o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se complementam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age
Pelo não agir,
E ensina sem falar,
Aceita tudo que lhe acontece
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza e nada considera seu
Tudo faz – e não se apega à sua obra
Não se prende aos frutos da sua atividade
Termina a sua obra
E está sempre no princípio
E por isto a sua obra prospera.
Lao Tse
Só temos consciência do belo,
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
Porquanto, o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se complementam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age
Pelo não agir,
E ensina sem falar,
Aceita tudo que lhe acontece
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza e nada considera seu
Tudo faz – e não se apega à sua obra
Não se prende aos frutos da sua atividade
Termina a sua obra
E está sempre no princípio
E por isto a sua obra prospera.
As coisas em ordem...
Os grandes antigos, quando queriam propagar altas virtudes, punham seus Estados em ordem.
Antes de porem seus Estados em ordem, punham em ordem suas famílias.
Antes de porem em ordem suas famílias, punham em ordem a si próprios.
E antes de porem em ordem a si próprios, aperfeiçoavam suas almas, procurando ser sinceros consigo mesmos
e ampliavam ao máximo seus conhecimentos.
A ampliação dos conhecimentos decorre do conhecimento das coisas como elas são
(e não como queremos que elas sejam).
Com o aperfeiçoamento da alma e o conhecimento das coisas, o homem se torna completo.
E quando o homem se torna completo, ele fica em ordem.
E quando o homem está em ordem, sua família também está em ordem.
E quando todos os Estados ficam em ordem, o mundo inteiro goza de paz e prosperidade.
(Mestre Confúcio)
Os grandes antigos, quando queriam propagar altas virtudes, punham seus Estados em ordem.
Antes de porem seus Estados em ordem, punham em ordem suas famílias.
Antes de porem em ordem suas famílias, punham em ordem a si próprios.
E antes de porem em ordem a si próprios, aperfeiçoavam suas almas, procurando ser sinceros consigo mesmos
e ampliavam ao máximo seus conhecimentos.
A ampliação dos conhecimentos decorre do conhecimento das coisas como elas são
(e não como queremos que elas sejam).
Com o aperfeiçoamento da alma e o conhecimento das coisas, o homem se torna completo.
E quando o homem se torna completo, ele fica em ordem.
E quando o homem está em ordem, sua família também está em ordem.
E quando todos os Estados ficam em ordem, o mundo inteiro goza de paz e prosperidade.
(Mestre Confúcio)
ESCUTATÓRIA
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".
Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".
Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
CLARO QUE ME IMPORTO E MUITO COM O FATO DE SUA PARTIDA
MAS SEI.
QUE POR SER QUEM SOU, COMO O SOU
SEMPRE,
ESTARÁS MELHOR SEM MIM...
APRENDI DESDE MUITO CEDO,
QUE AS PESSOAS SÃO CAPAZES DE RESOLVER SEUS PROBLEMAS
OU ESCOLHER OS MELHORES CAMINHOS QUE LHES CONVÊM À ALMA...
POR ISTO, ESTE RELES MORTAL AQUI
RESPEITA MUITO O QUE TENS POR VERDADES E CERTEZAS E JAMAIS PEDIRIA ALGO QUE FOSSE CONTRA AQUILO QUE ALMEJAS...
MAS SEI.
QUE POR SER QUEM SOU, COMO O SOU
SEMPRE,
ESTARÁS MELHOR SEM MIM...
APRENDI DESDE MUITO CEDO,
QUE AS PESSOAS SÃO CAPAZES DE RESOLVER SEUS PROBLEMAS
OU ESCOLHER OS MELHORES CAMINHOS QUE LHES CONVÊM À ALMA...
POR ISTO, ESTE RELES MORTAL AQUI
RESPEITA MUITO O QUE TENS POR VERDADES E CERTEZAS E JAMAIS PEDIRIA ALGO QUE FOSSE CONTRA AQUILO QUE ALMEJAS...
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
E.A
POR MAIS DURA OU PRAZEROSA QUE A VIDA SEJA,
A GENTE NÃO MUDA AQUILO QUE SENTE.
SIMPLESMENTE POR NÃO PODER VIVENCIAR
O QUE DE MELHOR NOS ACONTECEU...
A GENTE NÃO MUDA AQUILO QUE SENTE.
SIMPLESMENTE POR NÃO PODER VIVENCIAR
O QUE DE MELHOR NOS ACONTECEU...
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
" SE VOCÊ FOR TENTAR, TENTE DE VERDADE. CASO CONTRÁRIO NEM COMECE. ISSO PODE SIGNIFICAR PERDER NAMORADAS, ESPOSAS, PARENTES E EMPREGOS. E TALVEZ A SUA CABEÇA. ISSO PODE SIGNIFICAR NÃO COMER NADA POR TRÊS OU QUATRO DIAS. ISSO PODE SIGNIFICAR CONGELAR NUM BANCO DE PRAÇA. ISSO PODE SIGNIFICAR GOZAÇÃO. ISSO PODE SIGNIFICAR ESCÁRNIO, ISOLAMENTO. ISOLAMENTO É UMA DÁDIVA. TODO O RESTO É TESTE DE SUA RESISTÊNCIA. DE QUANTO VOCÊ REALMENTE QUER FAZER ISSO. E VOCÊ VAI FAZER ISSO, ENFRENTANDO REJEIÇÕES DAS PIORES ESPÉCIES. E ISSO SERÁ MELHOR DO QUE QUALQUER COISA QUE VOCÊ JÁ IMAGINOU. SE VOCÊ FOR TENTAR, TENTE DE VERDADE. NÃO HÁ OUTRO SENTIMENTO MELHOR QUE ISSO. VOCÊ ESTARÁ SÓZINHO COM OS DEUSES. E AS NOITES VÃO ARDER EM CHAMAS. VOCÊ LEVARÁ SUA VIDA DIRETO PARA A RISADA PERFEITA. ESTA É A ÚNICA BOA BRIGA QUE EXISTE... "
( CHARLES BUKOWSKI ).
( CHARLES BUKOWSKI ).
Assinar:
Postagens (Atom)