quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Frases e Trechos de Fiodor Dostoiévski – Livro: “Memórias da Casa dos Mortos”*

“[...] no presídio havia tempo de sobra para se aprender a ser paciente [...]“

“O homem é um ser que a tudo se habitua, e essa é, a meu ver, a melhor das suas qualidades.”

“[...] a instrução fomenta no povo o espírito de suficiência.”

“É vulgar que um homem suporte alguns anos, se resigne, suporte os castigos mais duros, e de repente fique colérico só por alguma futilidade, por uma ninharia, quase sem motivo.”

“É certo que os presídios e o sistema dos trabalhos forçados não melhoram os delinquentes, aos quais castigam, mas põem a sociedade a salvo das suas ulteriores tentativas de praticarem danos e provêem à sua própria tranquilidade.”

“O homem não pode viver sem trabalho e sem condições legais e normais: degenera-se e converte-se numa fera.”

“[...] se me desse alguma vez para perder-me completamente, para abater um homem, para castigá-lo com o mais horrível castigo, o criminoso mais valente, não precisava senão de dar ao seu trabalho o caráter de uma inutilidade e total e absoluta carência do sentido.”

“Não há nada mais difícil do que adquirir prestígio sobre as pessoas (principalmente sobre pessoas como aquelas) e ganhar o seu afeto.”

“[...] a impressão direta é sempre mais forte do que a que se recebe através de uma simples narrativa.”

“Pode ser que eu esteja enganado, mas parece-me que se pode conhecer os homens pela maneira de rir e que, quando surpreendemos um riso afetuoso na boca de alguém que não conhecemos, podemos afirmar que se trata de uma boa pessoa.”

“[...] não é possível fazer do homem vivo um cadáver, pois conserva os seus sentimentos, a sua sede de vingança e de vida, as suas paixões e a necessidade de satisfazê-las.”

“[...] era evidente que devia considerar-se um homem muito esperto, o que sucede a todos os indivíduos de vistas curtas.”

“Há naturezas tão naturalmente belas, a tal ponto favorecidas por Deus, que o pensamento só de que alguma vez possam corromper-se nos parece impossível.”

“Quando não se tem experiência, não se pode julgar sobre coisa alguma.”

“[...] as privações morais são mais difíceis de sobrelevar do que todos os tormentos físicos.”

“[...] uma mescla dessa maliciosa impressão que às vezes degenera na necessidade de remexermos propositadamente na ferida, pelo desejo de nos distrairmos com o nosso próprio sofrimento, reconhecendo precisamente que no exagero de toda infelicidade há também um prazer.”

“[...] é muito difícil compreender os homens, mesmo em longos anos de convívio.”

“O presidiário, de presidiário não passa; uma vez que se encontra nessa situação, já uma pessoa pode descer a tudo sem se envergonhar.”

“[...] a realidade produz sempre uma impressão muito diferente daquilo que se ouviu dizer.”

“Dizem alguns (já o tenho ouvido e sei) que o maior amor pelo próximo é, ao mesmo tempo, o maior egoísmo. Mas que egoísmo poderia haver nisto… nunca cheguei a compreender.”

“Sentia e compreendia que todo aquele ambiente era totalmente novo; que estava mergulhado numa treva completa e que não podia viver na treva tantos anos. Era pois necessário preparar-me. É claro que decidi que, em primeiro lugar, deveria guiar-me conforme os meus sentimentos e a consciência me ordenassem. Mas também sabia que isso era apenas um preceito moral e que a realidade me era completamente desconhecida.”

“[...] os presos, a princípio, censuravam-me pelo meu amor ao trabalho e durante muito tempo olharam-me com desprezo e troça. Mas eu me fazia de desentendido e aplicava-me com firmeza a todas as coisas.”

“Nos indivíduos como Pietrov a razão só impera até o momento em que o desejo não os tenta. Não há freio possível que possa detê-los neste mundo.”

“Como não tem o dom da palavra, não podem ser os principais inspiradores e promotores dos acontecimentos; mas são os principais executores e os que primeiro os põem em prática.”

“Todos os homens, sejam quem forem, ainda mesmo inferiores, precisam, ainda que seja uma necessidade só instintiva, inconsciente, de que respeitem a sua dignidade de homem.”

*Fiodor Dostoiévski foi um escritor russo que nasceu em 1821 e faleceu em 1881. Por debater idéias consideradas revolucionárias, foi condenado à morte em 1849. Pouco tempo antes da execução, sua pena foi alterada e foi enviado à uma prisão na Sibéria em regime de trabalho forçado, onde ficou 4 anos. O livro do qual foram retiradas esses trechos é uma espécie de relato documental da época em que esteve preso. Nesse texto, o autor descreve o cotidiano da prisão, suas impressões e sentimentos, bem como faz profundas análises psicológicas das personagens com qual teve contato. Essa obra é considerado um marco na vida do autor, já que é após essa experiência que ele escreve suas obras primas, como “Crime e Castigo”. Dostoiévski é considerado um dos maiores nomes da história da literatura.

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