quinta-feira, 24 de março de 2011

"Sinto-me um pouco travado. Talvez devesse imitar Baudelaire (ou seria Rumbaud ou Musset?) que escrevia bebendo absinto, com uma prostitua nua no quarto para aquecer a inspiração. Todos esses personagens - digo, meus antepasados -, eles bebem sem parar. É natural que me sinta contagiado pela bebedeira deles.

Ocorre-me, por um momento, que, ao focar tanto no hábito deles de se alcoolizar durante a narrativa, eu tenha emprestado a eles um desejo meu. Pois, ao contar uma história, se faz um recorte do que mostrar ou esconder. E nenhum recorte é imparcial. Preciso continuar escrevendo e rentar ser mais consciente de cada palavra. Não há inocência na escrita, e Deus bem sabe que eu estou afogado em hábitos nada virtuosos".

Antônio Xerxenesky. Areia nos dentes.

Um comentário: