quarta-feira, 29 de setembro de 2010

TESTAMENTO DO HOMEM SENSATO.

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim…”
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

Carlos Pena Filho
"Se te perguntar sobre arte, me dirá tudo escrito sobre o tema. Michelangelo... sabe muito sobre ele: Sua obra, aspirações políticas, ele e o papa, tendências sexuais, tudo. Mas não pode falar do cheiro da Capela Sistina. Nunca esteve lá, nem olhou aquele teto lindo. Nunca o viu. Se perguntar sobre mulheres, me dará uma lista das favoritas. Já deve ter transado algumas vezes, mas não sabe o que é acordar ao lado de uma mulher e se sentir realmente feliz. É um garoto sofrido. Se perguntar sobre a guerra, vai me citar Shakespeare: "Outra vez ao mar, amigos... ", mas não conhece a guerra. Nunca teve a cabeça de seu melhor amigo no colo e viu seu último suspiro, pedindo ajuda. Se perguntar sobre o amor, citará um soneto, mas nunca olhou uma mulher e se sentiu vulnerável. Alguém que o entendesse com um olhar. Como se Deus tivesse posto um anjo na Terra só pra você; para salvá-lo do inferno. E sem saber como ser o anjo dela, como amá-la e apoiá-la pra sempre, em tudo... no câncer. Não sabe o que é dormir sentado num hospital por dois meses porque só o horário de visitas não é suficiente. Não sabe nada de perda. Porque ela só ocorre quando ama algo mais que a si próprio. Duvido que já tenha amado alguém assim. Olho pra você, e não vejo um homem inteligente e confiante. Só um garoto convencido e assustado. Mas você é um gênio, é inegável. Ninguém entenderia sua complexidade. Mas acha que me conhece por um quadro e disseca minha vida. Você é órfão, não é? Acha que sei de como sofreu, como se sente, quem você é... porque li "Oliver Twist"? Você se resume a isso? Pessoalmente, estou cagando pra isso, porque tudo que me diz eu poderia ler em livros. A menos que me conte sobre você, quem você é. Isso me fascinaria. Isso, sim! Mas não quer fazer isso, não é? Morre de medo do que poderia dizer. Você que sabe."

* Fala da personagem Sean Maguire atuada por Robin Williams no filme "Um Gênio Indomável" (Good Will Hunting - 1997; Gus Van Sant).

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

E.A

E EU, QUE DE TANTO DEIXAR PARA LÁ,
SINTO O AMARGO DO FÉL EM MIM. TALVEZ PORQUE ESTE MESMO,
TEM SIDO O QUE SOU...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

temos necessidade do próximo, para nos esquecer de nós mesmos...

A Necessidade do Próximo ( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Nós só sentimos agrado para com os semelhantes - ou seja pelas imagens de nós
próprios - quando sentimos comprazimento connosco. E quanto mais estamos
contentes connosco, mais detestamos o que nos é estranho: a aversão pelo que nos
é estranho está na proporção da estima que temos por nós. É em consequência
dessa aversão que nós destruímos tudo o que é estranho, ao qual assim mostramos
o nosso distanciamento.
Mas o menosprezo por nós próprios pode levar-nos a uma compaixão geral para com
a humanidade e pode ser utilizado, intencionalmente, para uma aproximação com os
demais.
Temos necessidade do próximo para nos esquecermos de nós mesmos: o que leva à
sociabilidade com muita gente.
Somos dados a supor que também os outros têm desgosto com o que são; quando isto
se verifica, então receberemos uma grande alegria: afinal, estamos na mesma
situação.
E, talqualmente nos vemos forçados a suportar-nos, apesar do desgosto que temos
com aquilo que somos, assim nos habituamos a suportar os nossos semelhantes.
Assim, nós deixamos de desprezar os outros; a aversão para com eles diminui, e
dá-se a reaproximação.
Eis porque, em virtude da doutrina do pecado e da condenação universal, o homem
se aproxima de si mesmo. E até aqueles que detêm efectivamente o poder são de
considerar, agora como dantes, sob este mesmo aspecto: é que, «no fundo, são uns
pobres homens.
A verdade causa repugnância à nossa natureza, mas o erro não, e isso por um motivo bem simples: a verdade exige que nos reconheçamos como seres limitados; o erro acalenta-nos na ideia de que, de um modo ou de outro, somos infinitos
( JOHANN WOLFGANG VON GOETHE)

QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI ?!?

" NÃO IMPORTA QUE A TENHAM DEMOLIDO:
A GENTE CONTINUA MORANDO NA VELHA CASA EM QUE NASCEU. "
( Mário Quintana ).