segunda-feira, 13 de setembro de 2010

temos necessidade do próximo, para nos esquecer de nós mesmos...

A Necessidade do Próximo ( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Nós só sentimos agrado para com os semelhantes - ou seja pelas imagens de nós
próprios - quando sentimos comprazimento connosco. E quanto mais estamos
contentes connosco, mais detestamos o que nos é estranho: a aversão pelo que nos
é estranho está na proporção da estima que temos por nós. É em consequência
dessa aversão que nós destruímos tudo o que é estranho, ao qual assim mostramos
o nosso distanciamento.
Mas o menosprezo por nós próprios pode levar-nos a uma compaixão geral para com
a humanidade e pode ser utilizado, intencionalmente, para uma aproximação com os
demais.
Temos necessidade do próximo para nos esquecermos de nós mesmos: o que leva à
sociabilidade com muita gente.
Somos dados a supor que também os outros têm desgosto com o que são; quando isto
se verifica, então receberemos uma grande alegria: afinal, estamos na mesma
situação.
E, talqualmente nos vemos forçados a suportar-nos, apesar do desgosto que temos
com aquilo que somos, assim nos habituamos a suportar os nossos semelhantes.
Assim, nós deixamos de desprezar os outros; a aversão para com eles diminui, e
dá-se a reaproximação.
Eis porque, em virtude da doutrina do pecado e da condenação universal, o homem
se aproxima de si mesmo. E até aqueles que detêm efectivamente o poder são de
considerar, agora como dantes, sob este mesmo aspecto: é que, «no fundo, são uns
pobres homens.

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