terça-feira, 22 de junho de 2010

Cansado de analisar todas as coisas,tomei cuidado para que não me sucedesse o
que ocorre com os que observam um eclipse solar. Há quem fique cego,por não ter
o cuidado de olhar através da água ou qualquer outro meio a imagem deste astro.
Ocorreu-me algo semelhante no espírito, e temi perder os olhos da alma se
observasse os objetos com os olhos do corpo e se me utilizasse dos sentidos para
tocá-los e conhecê-los.
Cheguei a conclusão que deveria me servir da razão e
olhar nela a verdade de todas as coisas.

Platão
A ciência humana de maneira nenhuma nega a existência de Deus. Quando

considero quantas e quão maravilhosas coisas o homem compreende, pesquisa e

consegue realizar, então reconheço claramente que o espírito humano é obra de

Deus, e a mais notável.

Galileu Galilei
O homem não é mais do que sua imagem

O homem não é mais do que a sua imagem. Os filósofos bem podem explicar-nos que a opinião do mundo pouco conta e que só importa aquilo que somos. Mas os filósofos não percebem nada. Enquanto vivermos entre os seres humanos, seremos aquilo que os seres humanos considerarem que somos. Passamos por velhacos ou manhosos quando não paramos de perguntar a nós próprios como nos vêem os outros, quando nos esforçamos por ser o mais simpáticos possível. Mas entre o meu eu e o do outro, existirá algum contacto directo, sem a mediação dos olhos? Será pensável o amor sem uma perseguição angustiada da nossa própria imagem no pensamento da pessoa amada? Quando deixamos de nos preocupar com a maneira como o outro nos vê, deixamos de o amar.

Milan Kundera, in “A Imortalidade”
Fome, barriga do homem não é sua casa;
Dor, peito do homem não é seu apart-hotel;
Medo, cabeça do homem não é sua praia;
Infelicidade, a vida do homem não é seu metrô.
Sai sai sai, eu vou contar até três e nunca mais...
(Chico Cesar - Dá licença M').
“A principal razão, e aplicável à humanidade em geral, é que nossas próprias virtudes não são algo de livre, de flutuante, e do qual conservamos a disponibilidade permanente; elas acabam por associar-se tão estreitamente em nosso espírito às ações ante as quais nos impusemos o dever de exercê-las que, se nos surge alguma atividade de outra natureza, pega-nos completamente desprevenidos, sem que nos ocorra ao menos a ideia de que ela poderia permitir o desempenho dessas mesmas virtudes”
(Marcel Proust in Sombra das Raparigas em Flor)

sábado, 19 de junho de 2010

tento me erguer as própias custas...
e caio sempre no seus braços.

um pobre diabo é o que sou !!!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

NIETZSCHE

O Demonio
E se um dia um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:

” Esta vida, assim como a vives e sempre viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes, não haverá nela nada de novo!

Cada dor, cada pensamento, tudo que há de pequeno em tua vida há de retornar. Tudo, na mesma ordem e sequência. E, do mesmo modo, do mesmo modo, esse instante e eu próprio: o demônio. O eterno relógio da existência reiniciará outra vez a contagem do seu tempo, e do tempo das tuas desgraças.Não te lançarias ao chão rangendo os dentes e amaldiçoando o demônio?

Não, não. Responderias medrosamente que nunca te disseram algo mais divino. Diga, nunca te disseram algo mais divino?

Mentirias que queres para sempre a tua própria desgraça? Vê bem, se disseres que sim estará apenas piorando a eternidade

terça-feira, 15 de junho de 2010

E. A ... ÁPHIOS

" O BRASIL É FODA. NÃO HÁ SEQUER UMA PONTE POÉTICA DE ONDE SE POSSA PULAR, PARA MORRER COM DIGNIDADE ... "

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"A aventura básica da vida é o modo como uma pessoa organiza sua forma de existência,
desorganiza o que não é mais relevante e gera novas experiências para se tornar
o indivíduo que ele vive e não aquele que ele imagina que tem que ser".
Stanley Keleman

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não sou um homem real, não sou um homem como os outros, um homem de carne e osso. um homem gerado por homens. não nasci como os meus companheiros; ninguém me embalou ou viu crescer; não conheci a inquietação da adolescência nem a doçura dos laços de sangue. Sou - e quero dizê-lo, ainda que você não acredite tão somente o protagonista de um sonho. Uma imagem de William Shakespeare, tornou-se para mim literal e tragicamente exacta : sou da mesma matéria que são de que são feitas os sonhos humanos ! existo porque alguém me sonha: alguém dormindo, sonha e me vê em actividade, com vida e em movimento, e nesse instante sonha que estou dizendo tudo isso. No momento em que esse alguém começou a sonhar-me, comecei a existir; quando despertar, deixarei de existir. Sou fruto de sua imaginação, uma imaginação sua, um hóspede de suas longas fantasias nocturnas. O sonho desse alguém é tão duradouro e intenso que me tornei visível até para os homens desperto... mas o mundo da vigília, o mundo da realidade concreta, esse não é o meu mundo. sinto -me tão deslocado em meio à vulgar solidariedade de vocês! minha verdadeira é a que transcorre vagamente na alma do meu adormecido criador. " Não creia que estou falando por enigmas ou símbolos. O que estou estou lhe dizendo é a verdade , a pura verdade mais simples e terrível. Pare, então de arregalar os olhos de espanto! não olhe mais p-ara mim com esse ar penalizado de surpresa! '' Ser actor de um sonho, não é o que mais me atormenta. Poetas há que disseram que a vida dos homens é a sombra de um sonho, e filósofos que sugeriram que toda a realidade é alucinação. Eu , em vez disso, sou perseguido por uma outra ideia: quem é que me sonha? quem é esse alguém, esse ser ignoto que não conheço e por que sou possuído, que me faz surgir de repente da névoa de seu cérebro fatigado e que ao acordar me extinguirá de repente, como um sopro inesperado em uma chama.Há quanto tempo penso nesse meu adormecido proprietário, nesse meu criador que se ocupa do curso de minha efêmera vida! Decerto é grande e poderoso: um ser pára o qual nossos anos são minutos, e que pode viver toda a vida de um homem em uma única de suas horas e a história da humanidade em uma de suas noites. seus sonhos devem ser vivos, fortes e profundos a ponto de projectar as imagens para o exterior, de modo que pareçam coisas reais. Talvez o mundo inteiro não seja mais que o produto eternamente variável de um entrecuzar-se de sonhos de seres semelhantes a ele. Mas não quero generalizar demais: deixemos as metafisicas para os imprudentes! basta-me a terrivel certeza de ser a criatura imaginável de um imenso sonhador.
( PAPINI ).