Dama cósmica
Acorde-me com o ouro vulgar
da existência, mostre-me os
jardins, que sorriem metáforas
Moinhos não movem sonhos,
O sol egocêntrico não diz
palavras, as chuvas de
verbos não conjugam a
alma!
A não alfabetizada essência
recita piedade, no fim da
noite dança a liberdade
Em seu pranto em forma
de canção, em seu manto
feito dos estilhaços da razão
Envolva-me no vinho prometido,
Encarcere-me na fuga da vaidade,
Um travesseiro de céu para dormir,
algo que me prenda nesse espelho
de papel...
Inverno
O céu está igual ao horrível
céu da igreja de *Aveurs-sur-Oise
Tinta espessa invade meus
pulmões!
Netuno envolve os caixotes
vermelhos nas colinas!
Das árvores caem folhas
de moedas e cinzas!
Santos de areia calmos
como uma baía de silêncios
conduzem-me a um purgatório
de saborosas maravilhas...
* Van Gogh - L'EGLISE D'AUVERS-SUR-OISE
(A igreja de AUVERS-SUR-OISE - bairro parisiense)
Desaparecido
Quanto tempo esperei em minha torre de vento?
Vozes bebi na margem do rio, sem nenhuma
alma livre para dar-me um beijo cor de lis.
Que venha a minha chuva de redenção!
Escuto a transpiração do céu que leva
a esperança em seus longos cabelos
festejados pelas ruas da perfeição.
Que venha a supressão do meu ouro
e possa ver meus anjos de kryptonita
evaporando da cabeça da noite!
Que uma santa de ópio toque meus olhos
e os corações dos batentes que se calam
nos espelhos soberanos da felicidade.
Que venha! Com os silenciosos verbos
solares da meia noite e possa ver-te
flutuando sobre as mais lindas cores...
Poeta de mentira
Rato descobrindo tesouros,
louca psicose ilustrada de
aborto, grito embebido
voando para o poço
Muitos preferem chorar
prefiro encenar, lágrimas
são lidas no chuveiro, ego
de ouro, cavalo de ferro
Fumei versos, acordei no
carnaval, inconsciente coletivo
relógio surreal
Pobre Babilônia a deixei
com insônia ! Fiz o sol beijar
a lua, o incesto continua
Amanhã serei ladrão com
alma de cego; delinqüente mão
risonha, galhofas em
noite incandescente
Ninguém a aplaudir, olhos
a ferir, foguete a mentir
Demagogo buraco onde
o sol padeceu deitado,
em um dia de assalto.
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