sábado, 17 de abril de 2010

POEMAS DE DIOGO CINTRA

Dama cósmica

Acorde-me com o ouro vulgar

da existência, mostre-me os

jardins, que sorriem metáforas


Moinhos não movem sonhos,

O sol egocêntrico não diz

palavras, as chuvas de

verbos não conjugam a

alma!


A não alfabetizada essência

recita piedade, no fim da

noite dança a liberdade


Em seu pranto em forma

de canção, em seu manto

feito dos estilhaços da razão


Envolva-me no vinho prometido,

Encarcere-me na fuga da vaidade,

Um travesseiro de céu para dormir,

algo que me prenda nesse espelho

de papel...


Inverno


O céu está igual ao horrível

céu da igreja de *Aveurs-sur-Oise

Tinta espessa invade meus

pulmões!


Netuno envolve os caixotes

vermelhos nas colinas!

Das árvores caem folhas

de moedas e cinzas!


Santos de areia calmos

como uma baía de silêncios

conduzem-me a um purgatório

de saborosas maravilhas...


* Van Gogh - L'EGLISE D'AUVERS-SUR-OISE

(A igreja de AUVERS-SUR-OISE - bairro parisiense)


Desaparecido

Quanto tempo esperei em minha torre de vento?

Vozes bebi na margem do rio, sem nenhuma

alma livre para dar-me um beijo cor de lis.


Que venha a minha chuva de redenção!

Escuto a transpiração do céu que leva

a esperança em seus longos cabelos

festejados pelas ruas da perfeição.


Que venha a supressão do meu ouro

e possa ver meus anjos de kryptonita

evaporando da cabeça da noite!


Que uma santa de ópio toque meus olhos

e os corações dos batentes que se calam

nos espelhos soberanos da felicidade.


Que venha! Com os silenciosos verbos

solares da meia noite e possa ver-te

flutuando sobre as mais lindas cores...


Poeta de mentira

Rato descobrindo tesouros,

louca psicose ilustrada de

aborto, grito embebido

voando para o poço


Muitos preferem chorar

prefiro encenar, lágrimas

são lidas no chuveiro, ego

de ouro, cavalo de ferro


Fumei versos, acordei no

carnaval, inconsciente coletivo

relógio surreal


Pobre Babilônia a deixei

com insônia ! Fiz o sol beijar

a lua, o incesto continua


Amanhã serei ladrão com

alma de cego; delinqüente mão

risonha, galhofas em

noite incandescente


Ninguém a aplaudir, olhos

a ferir, foguete a mentir

Demagogo buraco onde

o sol padeceu deitado,

em um dia de assalto.

Nenhum comentário: