terça-feira, 29 de dezembro de 2009



UM POUCO DE QUINTANA.

DAS ILUSÕES

MEU SACO DE ILUSÕES, BEM CHEIO TIVE-O.
COM ELE IA SUBINDO A LADEIRA DA VIDA.
E, NO ENTRETANTO, APÓS CADA ILUSÃO PERDIDA...
QUE EXTRAORDINÁRIA SENSAÇÃO DE ALIVIO.


DA BOA E DA MÁ FORTUNA

É SEM RAZÃO, E É SEM MERECIMENTO,
QUE A GENTE A SORTE MALDIZ:
QUANTO A MIM, SEMPRE ODIEI O SOFRIMENTO,
MAS NUNCA SOUBE SER FELIZ...


DA MEDIOCRIDADE

NOSSA ALMA INCAPAZ E PEQUENINA
MAIS COMPLACÊNCIA QUE IRRISÃO MERECE;
NINGUÉM É TÃO BOM QUANTO IMAGINA.
TAMBÉM NÃO É TÃO MAU QUANTO PARECE.


DO ETERNO MISTÉRIO

“UM OUTRO MUNDO EXISTE...
UMA OUTRA VIDA...”
MAS DE QUE SERVE IRES PARA LÁ???
BEM COMO AQUI , TU’ALMA
ATONITA E PERDIDA
NADA COMPREENDERÁ.


DA CONTRADIÇÃO

SETE CONTRADISSESTE E ACUSAM-TE...
SORRI.
POIS NADA HOUVE EM REALIDADE
TEU PENSAMENTO É QUE CHEGOU POR SI,
NO OUTRO POLO DA VERDADE.


DO ESPETÁCULO DA VIDA

IMPOSSÍVEL SERÁ QUE MELHOR VIDA EXISTA.
ENQUANTO O MUNDO ASSIM SE DISTRIBUIR:
NO PALCO A ESTUPIDEZ PARA SER VISTA,
E A INTELIGÊNCIA NA PLATÉIA A RIR.


DAS FALSAS POSIÇÕES

COM A PELE DO LEÃO VESTIU-SE O BURRO UM DIA
PORÉM NO SEU ENCALÇO, A CADA INSTANTE E HORA,
“ OLHA O BURRO! FIAU, FIAU! ” – GRITAVA A BICHARIA...
TINHA O PARVO ESQUECIDO AS ORELHAS DE FORA!


DA FELICIDADE

QUANTAS VEZES A GENTE, EM BUSCA DA VENTURA,
PROCEDE TAL E QUAL O AVOZINHO INFELIZ:
EM VÃO POR TODA PARTE OS ÓCULOS PROCURA,
TENDO OS NA PONTA DO NARIZ!


DA CONDIÇÃO HUMANA

SE VARIAM NA CASCA, IDÊNTICO É O MIOLO,
JULGUEM-SE EMBORA DE DIVERSA TRAMA.
NINGUÉM MAIS SE PARECE UM VERDADEIRO TOLO
QUE O MAIS SUTIL DOS SÁBIOS QUANDO AMA...

" NÃO SEJAS MUITO JUSTO; NEM MAIS SÁBIO DO QUE É NECESSÁRIO,
PARA QUE NÃO VENHAS A SER ESTÚPIDO. "

( ECLESIASTES CAP.7 VERS.16 ).


" SOIS VÓS TÃO INSENSATOS QUE, TENDO COMEÇADO PELO ESPIRITO,
ACABEIS AGORA PELA CARNE? "

(GÁLATAS CAP.3 VARS.3 ).

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Recuerda que cada tic tac es un segundo de la vida que pasa y que no se repite, hay en ella tanta intensidad, tanto interés, que solo es el problema de saberla vivir. Que cada uno la resuelva como pueda.
Frida Kahlo

Tudo quanto penso
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou
Fernando Pessoa
" A vida não dá nem empresta
não se comove nem se apieda
Tudo quanto faz é
retribuir e transferir
Tudo quanto lhe oferecemos!"
( Albert Einstein)
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!



Mário Quintana
Eu me despeço.
Volto à minha casa, em meus sonhos.
Volto à Patagônia, aonde o vento golpeia os estábulos e salpica de frescor o Oceano.
Sou nada mais que um poeta: amo a todos, ando errante pelo mundo que amo.
Em minha pátria, prende-se mineiros e os soldados mandam mais que os juízes.
Entretanto, amo até mesmo as raízes de meu pequeno país frio.
Se tivesse que morrer mil vezes, ali quero morrer.
Se tivesse que nascer mil vezes, ali quero nascer.
Perto da araucária selvagem, do vendaval que vem do sul,
das campanas recém compradas.
Que ninguém pense em mim.
Pensemos em toda a terra, golpeando com amor a mesa.
Não quero que volte o sangue...
a molhar o pão, os feijões, a música:
quero que venha comigo o mineiro,
a criança, o advogado, o marinheiro, o fabricante de bonecas.
Que entremos no cinema e bebamos o vinho mais tinto.
Eu não vim para resolver nada.
Vim aqui para cantar e quero que cantes comigo.

Pablo Neruda
OFERTA

O que tenho para te dar? Uma gramática de sentimentos,
verbos sem o complemento de uma vida, os substantivos
mais pobres de um vocabulário íntimo - o amor, o desejo,
a ausência. Que frase construiremos com tão pouco? A
que léxico de paciência iremos roubar o que nos falta?

Então, ofereço-te uma outra casa. As paredes têm a
consistência do verso; o tecto, o peso de uma estrofe.
Abro-te as suas portas; e o sol entra pela janela de
uma sílaba, com o seu fogo vocálico, como se uma
palavra pudesse aquecer o frio que te envolve.

E pergunto-te: que outras palavras queres? A música
sonora de um ócio? O espesso manto com que o veludo
se escreve? O fundo luminoso do azul? Poderia dar-te
todas as palavras na caixa do poema; ou emprestar-te
o canto efémero em que se escondem do mundo.

Mas não é isso que me pedes. E a vida que pulsa
por entre advérbios e adjectivos esfuma-se depressa,
quando procuramos seguir a linha do verso. O que fica?,
perguntas-me. Um encontro no canto da memoria. Risos,
lágrimas, o terno murmúrio da noite. Nada, e tudo.

Nuno Júdice, in O Estado dos Campos
Nunca mais esquecerei esta noite, a primeira noite no campo, que fez da minha vida uma noite longa e sete vezes aferrolhada.
Nunca mais esquecerei aquele fumo.
Nunca mais esquecerei as pequeninas caras das crianças cujos corpos eu tinha visto transformarem-se em espirais sob um azul mudo.
Nunca mais esquecerei estas chamas que consumiram para sempre a minha Fé.
Nunca mais esquecerei este silêncio nocturno que me privou, para a eternidade, do desejo de viver.
Nunca mais me esquecerei estes momentos que assassinaram o meu Deus e a minha alma, e os meus sonhos, que tomaram a aparência de um deserto.
Nunca mais esquecerei isto, mesmo que tenha sido condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus. Nunca mais.

Elie Wiesel in Noite
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

Oscar Wilde

IDEM CRISTIAN RIBAS

LUAR EM BRANCO E PRETO

Deixo as roupas atiradas. Não reparo nos objetos que abandonaram seu lugar. A TV não me diz nada em seu silêncio. As panelas ecoam por uma refeição. O relógio corre distante dos meus olhos. Hoje, nesse mero instante em que o destino traça novos rumos para meu caminho, não me importo com o que me cerca.
Estou aqui sentado. Busco palavras na minha cabeça que combinem com os ecos do meu coração. Sem teorias cristãs ou rimas politicamente corretas. Apenas, me liberto. Faz algum tempo que abandonei o calendário. Deixo que o tempo corra livre, para que meu coração se liberte também. Não há queixas, brigas, lamentações entre nós. Tão somente, respeito. Um consentimento voluntário do que nos falta. E o que nos sobra, derramamos ao solo. Na esperança de acalentar os corações partidos que necessitam de nossa fé.
Minha mente fica vaga. As palavras que somem. Os traços que não continuam. Os pontos distantes das vírgulas. Mas nada sem final. Uma mera pausa de descanso. Um instante em que meus olhos procuram os céus. Contando as estrelas como os amores perdidos. E refaço a contagem pelos tantos outros que irei encontrar. Desejo que não seja um amor para cada mulher, mas sim, todas em uma só. Da mesma forma que reinventarei a lógica dos amantes. Na minha devoção. Na minha entrega. Na minha admiração. Nas formas e nos contornos. Nas danças sem melodia. Nos acordes sem instrumentos. Nos gritos sem voz. Tão somente amor. Nada mais.
Cada dia, eu me surpreendo. Nada de vangloriar-se, soberba ou vaidade. Mas sim, na multiplicidade do amor e suas nuances. Independente dos corpos, das formas, das vozes, dos olhos, mas na alma. Na esperança. Na voracidade. Na luxúria. No desejo colorido no luar em branco e preto. Onde meus olhos não vêem as cores, mas meu coração, na sua molequice, inventa matizes, descobre traços, decanta versos que jamais conheci, mas que sinto, tão intenso quanto seu nobre pulsar.
Cristian Kiko Ribas

Correção de Rota

Parece um tango inacabado,
melodia triste e esquecida,
em alguma rua por Gardel.
Uma paixão que não acende.
Uma ação inconsequente
de quem procura
e não sabe o que quer encontrar.
Talvez, porque nem sei quem sou.
É uma branda cegueira,
incapaz de ver os puros.
Uma necessária bebedeira,
que busca no fundo do copo
as respostas que estão no fundo da alma,
no reflexo dos olhos
que teimam em não encarar no espelho.
É hora de pensar
e ver onde nos perdemos no caminho.
Pois, por mais que as placas apontem a direção,
somente nós poderemos corrigir o destino.

MÁRIO QUINTANA

Eu Escrevi um Poema Triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

domingo, 27 de dezembro de 2009

E.A

E A CAIXA DE PANDORA,
AINDA ESTÁ ABERTA.
ARRE, PARA QUE A ESPERANÇA???

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lucidez Perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.
Além do que:que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.

Clarice Lispector
Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade
Álvaro de Campos

Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido,
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso, e foi afinal o melhor de mim, é que nem os Deuses fazem viver…
Se em certa altura
Tivesse voltado para esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também….
Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

(Fernando Pessoa)
Não sei se acredito em amor à primeira vista… Mas um conselho: há na vida ao menos uma pessoa que, se não quiser ser condenado a passar os dias pensando nela, melhor conhecê-la de olhos fechados!
Todo o meu esforço canalizo para a vida. Não para o equilíbrio, não para as certezas. Sigo suportando nas costas todo o peso da desesperança, pois que a esperança, é ridículo, dramático, que a humanidade ainda precise dela.
Esperança em quê? Em remédios que curem?… Em poemas que se dão de mão em mão? E as cartas sem resposta? E os becos sem saída? E a nova hipocrisia?
E o deus-dinheiro que nos espreita a cada esquina?… E a áfrica? E a américa latina?…
E todas essas universidades e tantos analfabetos?…
Toda gente sabe a extensão da verdade: surpreendendo a paisagem esfomeada, o gatilho já não precisa do dedo de ninguém.
Cruzeiro Seixas
Exigências da vida moderna (quem agüenta tudo isso???)

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E depois uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém
sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco pro sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para… Não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e
tiver um derrame, nem vai perceber………

Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia. UFA !!!

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da
laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes,
passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um
equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai
passar ali várias horas por dia…

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia,
mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. TÁ DIFICILLLLL

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora
(por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a
voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser
regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar das minhas
amizades quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia
para comparar as informações.

Ah! E o sexo!!!!
Todos os dias, um dia sim, o outro também, tomando o cuidado de não se
cair na rotina.

Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.

Dizer EU TE AMO, toda hora, ”ainda pego quem inventou essa
neura…que saco!!!” isso leva tempo e nem estou falando de sexo
tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e
espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Se tiver tem que brincar com ele, pelo menos meia hora todo dia, para
ele não ficar deprimido….

Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os
dentes ao mesmo tempo.

Chame os amigos e seus pais, seu amor, o sogro, a sogra, os cunhados…
Beba o vinho, coma a maçã e dê a banana na boca da sua mulher.
Não esqueça do EU TE AMO, (Vou achar logo quem inventou isso, me aguarde).

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se
sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora voce tá ferrado mesmo é se tiver criança pequena, ai lascou de
vez, porque o tempo que ia sobrar para voce… Meu já era.

Criança ocupa um tempo danado.

Agora tenho ir.

É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir
ao banheiro e correndo.

E já que vou, levo um jornal…

Tchau….

Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

[Luís Fernando Veríssimo]
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca


Quero grandes histórias e estórias
Quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada
Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira
Mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer
E me fazer crêr que é para sempre
Quando eu digo convicta que “nada é para sempre”.

Gabriel Garcia Marquez
Quem fez da modéstia uma virtude esperava que todos passassem a falar de si próprios como se fossem idiotas.
O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita, através da qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não têm?

Arthur Schopenhauer
“Sou a soma dos restos de tudo que já fui um dia”
A escolha inteligente

Uma vida bem sucedida depende das escolhas que fizermos. Temos de saber o que é ou não importante para nós. A escolha inteligente implica um sentido realista dos valores e um sentido realista das proporções. Este processo de escolha – de aceitação por um lado e de rejeição pelo outro – começa na infância e continua pela vida fora. Não podemos ter tudo o que ambicionamos. O homem de negócios que procura o sucesso financeiro tem muitas vezes de abandonar os seus interesses de ordem desportiva ou cultural. Os que preferem servir os interesses espirituais, culturais ou políticos da sociedade – sacerdotes, escritores, artistas, militares, homens de estado e funcionários públicos em geral – têm quase sempre de relegar para segundo plano o bem-estar financeiro.

Com uma vida limitada não podemos ser ou fazer tudo. Estamos constantemente a ter de escolher com que e com quem passar o nosso tempo. Cultivar amizades toma tempo. Às vezes temos de recusar encontros e desapontar muitas pessoas para termos tempo de alcançar os nossos fins. Todos os dias temos de escolher entre as coisas que estão à venda. Não podemos ter o mundo inteiro, tal como uma criança não pode comprar todos os rebuçados da doçaria se tiver apenas um tostão. Esta é uma das grandes lições da vida. Temos de escolher na altura própria, e o destino é a seara que cresce da semente da escolha. A fórmula para uma escolha inteligente exige não só um profundo conhecimento de nós próprios como uma afirmação da nossa própria maneira de ser.

Alfred Montapert, in ‘A Suprema Filosofia do Homem’
Liberdade de vontade

Onde um homem chega à convicção fundamental de que é preciso que mandem nele, ele se torna “crente”; inversamente seria pensável um prazer e uma força de autodeterminação, uma liberdade de vontade, em que um espírito se despede de toda crença, de todo desejo de certeza, exercitado, como ele está, em poder manter-se sobre leves cordas e possibilidades, e mesmo diante de abismos dançar ainda. Um tal espírito seria o espírito livre “par excellence”
(“A Gaia Ciência”, quinto livro, parágrafo 347)
A esperança

Pandora trouxe o vaso que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado “vaso da felicidade”. E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente: então, seguindo a vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro. O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele possui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens – é a esperança. – Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens.
(Friedrich Nietzsche, “Humano, demasiado humano”,
Noite

Há tantas coisas germinando na noite, que nem sei como enumerá-las. À noite nascem as revoluções tanto as que vão triunfar como as que só se realizam em pensamento, e são quase todas. Os revolucionários viram-se, inquietos, na cama. E também os que se converterão, pela manhã, a religiões novas. E os amorosos. Análises emocionais levadas ao extremo da tortura arrastam-se pela horas lentas da noite. Como a noite é rica! A noite é o tempo de não dormir; é o de velar e procurar; de criar mundos.

Demétrio quis prolongar a noite obturando todas as frestas do quarto, para que não entrasse a luz. Luz não entrou. Demétrio gozou da noite plena, continuada, e todos os pensamentos lhe floresciam. Construiu sistemas filosóficos. A escuridão era propícia a teorias políticas. Nenhum crítico foi mais perspicaz do que Demétrio, na literatura e nas artes. Aquela noite era fantástica. Demétrio quis experimentar as sensações de horror, êxtase, humilhação, glória, poder e morte. Morreu, mesmo no escuro. Tendo sentido a morte em seu interior físico, não pôde mais tirá-la de si. É o único morto, conscientemente morto, de que já ouvi falar nesta vida. A noite é fantástica.

Carlos Drummond de Andrade
” Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O ‘não ser está no avesso do ser’, assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas completando-o. O que não sou é também uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos.”

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Máquina do Mundo

Carlos Drummond de Andrade



E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”

As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.


O Rappa
Composição: O Rappa

Monstro invisível que comanda a horda
Arrasando tudo o que é de praxe
Eu tô laje acima, no cerol que traz a vida pra baixo
Brilhante idéia de uma cabeça nervosa
Grafitando um outro muro de raiva
Eles já sabiam, mas deixaram a sina guiar a sorte

Vejo a minha história com a sua comungar

Poço lado e sujo, cria do descaso
Alimentando folhas em branco e preto
Outra epidemia desanima quem convive com medo
Botões e atalhos amplificam a distância
E a preguiça de estar lado a lado veste a armadura
Esse é o poder solitário

Vejo a minha história com a sua comungar

Monstro invisível que comanda a horda
Arrasando tudo o que é de praxe
Eu tô laje acima, no cerol que trás a vida pra baixo
Brilhante idéia de uma cabeça nervosa
Grafitando um outro muro de raiva
Eles já sabiam, mas deixaram a sina guiar a sorte

Vejo a minha história com a sua comungar

Monstro invisível arrasando tudo como é de praxe
Tudo como é de praxe, é de praxe
Eu tô laje acima e o cerol que traz a vida pra baixo, pra baixo, pra baixo, pra baixo
O ANTROPÓFAGO

Giovanni Papini

Pedi amor aos contemporâneos? O amor não se pede, mas se ganha, às vezes sem merecimento e, quando não se ganha, metade da culpa é de quem não é amado. Os pouquíssimos que me amaram, amaram-me até demais, em todo caso muito mais do que merecia a minha soturnidade. Portanto não me queixo. E não se queixam também aquêles temerários que souberam encontrar – milagres da ousadia! – um pouco de doçura sob a casca espinhenta.

E nem pedi justiça, pois na terra pertence ao tempo e em todo o lugar a Deus sòmente. Não conheço a estratégia dos astutos que sabem rogar e captar benevolências úteis e as indulgências. Não pratico a engenhosíssima contabilidade de certos emprestadores espirituais, habilíssimos em administrar a própria fama como um patrão avaro administra suas magras terras. Não sei tirar lucro de minhas afeições naturais, ignoro a arte dos feitores infiéis e cultivo, pelo contrário, com sorte inaudita, as inimizades dos califas do dia. Se de vez em quando fizeram-me um pouco de justiça é bondade exclusiva dos bons: o meu consôlo foi tanto maior quanto mais raro.

Não gemo e não grito, portanto, se os meus contemporâneos me grudaram nas costas, como asas de morcêgo, duas lendas paralelas que me ofendem. Disse que não gemo; não posso dizer que goste. Aceito êsses malignos apêndices como castigo antecipado de outras culpas de que não me acusam e talvez mais graves; aceito-as quase de boa vontade se pensar que são, normalmente, o acompanhamento e a pena da fama. O homem de gênio é aquêle inteiramente consciente do seu não-ser gênio; e só as injúrias, os escárnios, as calúnias, a sanha dos inimigos (e também dos amigos) o consolam, no seu desespêro, assegurando-lhe que, mesmo não chegando àquela grandeza que sente, está pelo menos um pouco acima daqueles que o rodeiam. E isso, para mim, é soberba, mas seria ainda mais soberbo se fingisse parecer mais humilde do que eu realmente sou. Quando me comparo aos grandes e especialmente àquela alta e total perfeição que às vêzes fulgura diante de mim, jogo-me ao chão e sinto não ser mais do que um farrapo enlameado. Quando me comparo aos outros, especialmente a certos insetos que cospem no prato onde comeram, então um demônio pior do que o pesadelo me instiga assim: “Deixe que façam e digam, pois você não é nem o último nem o penúltimo e com tôdas as pedras que lhe arremessam êsses tais inocentes você poderá sempre erguer um belo túmulo.” Neste caso leio um capítulo da Imitação ou um canto da Comédia e salvo-me da melhor maneira possível, até outra ofensiva.

O homem, por natureza indolente, e tendo que, em nossos tempos, cuidar de inúmeras coisas, tem o mau costume – absolutamente não filosófico – de reduzir tôdas as pessoas a uma ou duas características fixas, que nem sempre são as mais marcantes. Para êles o leão é maxilar, o burro orelhas, a águia bico e assim por diante. Dêste modo, para só falar dos modernos, Carducci era um bêbado que rugia, Pascoli um lagrimatório para tentilhões, Oriani uma tempestade de retórica, Fogazzaro um carola de alcova e um D. João de sacristia.
A mim deram a honra de epigrafar-me canibal e girândola. Se dermos ouvidos aos discursos de certos consertadores de consciências, eu seria o mais voraz antropófago que se salvou das carabinas dos civilizadores. Ou melhor, um Morgante exterminador e esfolador que abre caminho e massacra a todos com uma caneta mergulhada no curare ou no ácido prússico. Se lhe dermos ouvidos, depois da minha passagem a literatura universal assemelha-se à carnificina de Roncesvales, e a filosofia aos campos Catalaunos. Hércules com a clava, Polifemo com o rochedo, Sansão com o maxilar de um burro, nada são comparados a mim. Sei apenas conjugar o verbo “decepar” e da minha bôca só saem víboras e chamas.

De nada me vale dizer que dessa maneira tornam-me mais forte do que sou e que arriscam aumentar o meu orgulho (aos assaltos de um cachorrinho ninguém liga); não me adianta apontar que nos meus livros há talvez mais mel do que vinagre, mais carícias do que tapas, e não sabem ou não lembram ou fingem não saber e não lembrar que é por minha causa se alguns hoje são mais familiares e mais acatados do que eram, e que me empenhei, e mais no comêço, para fazer conhecer os obscuros e negligenciados, para soerguer os desprezados, para tomar a defesa dos fracos. Nem o afeto, a admiração, a saudade dos amigos me valeram para atenuar a condenação, e nem ter eu consagrado os dois livros por mim compostos com mais amor, um ao agradecimento de um poeta, outro à celebração de um Deus. Aquêles que dispensam a uma dócil clientela as suas mornas lavagens de morna sabedoria, e nunca tiveram fogo para queimar os ídolos, lembrem, se quiserem, a antiga experiência, ainda hoje possível de ser repetida, que ensina que os mais amorosos são os mais furiosos e que não é capaz de amar quem não sente de vez em quando a vontade de morder. Lembrar as cordoadas de Jesus nos mercadores ou as críticas violentas de Dante até lá em cima das esferas do Paraíso, seria sacrilégio, mas também aqui embaixo, no nosso mundo de mesquinhos, exemplos semelhantes são tão abundantes como as flôres-de-lis no trigo de maio. Mas querer desiludir êsses meus batizantes é como querer lavar um prêto com a lixívia: animal feroz pareço e animal feroz serei. Na fauna de certos lugares, melhor ser lôbo do que lêsma.

Não penso em negar e reconheço que negar seria impossível, que já agarrei e caluniei alguns de meus semelhantes, e pode ser que algumas vêzes tenha ultrapassado os têrmos da discrição e da justiça como muitos outros ultrapassam, a cada nascer de sol, os têrmos da bajulação e da vileza. Mas sempre isso me acontece por muito amor à arte ou àquelas que a mim pareciam ou parecem leis da verdade e honestidade; nunca por ódio às pessoas ou por desejo de escândalo lucrativo ou sujeiras parecidas. E quero também dizer isto: jamais assaltei alguém por quem no íntimo não provasse uma certa estima e até simpatia: tanto que, acabando o desabafo, parecia-me amá-lo mais do que antes e mesmo podê-lo admirar naquilo que êle tivesse de bom, com maior liberdade. Os outros, porém, não são obrigados a conhecer êste meu sentimento e comento-o só para aquêles que recolhem observações sôbre o misterioso emaranhado que é o coração humano.

Em todo caso, pareceu-me sempre que enfrentar de frente e em público os que julgamos falsos ou perniciosos seja infinitamente menos torpe do que agredi-los, como faz a maioria das pessoas, pelas costas, com opiniões mais atrozes do que as minhas públicas, e pronunciadas, às vêzes, pelos mesmos lábios que no dia anterior trilaram a serenata debaixo das persianas do semideus ou semi-homem que seja.

Das minhas quartãs de ferocidade acuso-me agora diante de todos, também se algumas vêzes não foram injustas nem inúteis; também se foram acompanhadas e superadas por febres de afeto. E daqui por diante, quando me der o prurido de repreender alguém, contentar-me-ei em copiar algumas páginas dos Profetas ou os discursos de Jesus contra os Escribas e os Fariseus. Mudando um ou outro nome, o resto serve muito bem ainda hoje.





A dor da solidão é pior que o corte da navalha na carne.
É lânguida, mas transpassa toda a carne, artérias e veias.
Assim ela chega e se aloja no coração.
A dor é hemorragia. É pesadelo. É desconforto.
Cada dia da minha dor, eu envelheço.
A solidão é como uma criança que foi abandonada no frio.
Tanto faz se é noite ou é dia. Apenas é solidão.
A dor da solidão vem da injustiça dos homens.
A dor da solidão vem do filho que nunca mais procurou seu pai.
Solidão é o julgamento dos ímpios.
Que fica pisando a todo instante na cabeça, até matar.Momento de profunda solidão.
Em situações de desespero extremo, eu orei.
( ANA A. S. CESAR ).
Lições do Natal

- A iconografia cristã tem dois momentos fundamentais: a criança recém-nascida na estalagem de Belém, tendo a aquecê-la o hálito de um burro e de uma vaca; e o corpo nu e maltratado de um homem coberto de chagas e opróbrio.

Entre as duas imagens, a história que mudaria a história para a grande parcela da humanidade concentrada no Ocidente.

Giovanni Papini inicia famoso livro sobre a vida de Cristo narrando o seu nascimento: "O presépio não é o pórtico airoso com que os pintores da Renascença, envergonhados com a pobreza de seu Deus, criaram para o consumo dos crentes".

Bem verdade que, antes mesmo da Renascença, a tradição apoiada nos evangelhos coloca fatos maravilhosos em torno da gruta de Belém: os pastores avisados pela milícia celeste, cantando a glória de Deus nas alturas e a paz aos homens de boa vontade.

Houve também a estrela que guiaria os Reis Magos para a oferta do ouro, do incenso e da mirra: "Vimos sua estrela no Oriente e viemos com presentes adorá-lo". Os exegetas deste versículo bíblico tiram duas lições desta simples frase: a ida e os presentes. Não adianta ver um sinal, é preciso ir em busca dele, tentar conhecê-lo e interpretá-lo.

Tampouco esta ida, este movimento de um ponto a outro não deve ser feita de mãos vazias, apenas para receber sem nada dar em troca. Os Magos foram "cum muneribus", com presentes, na velha tradição oriental.

Esquecendo o episódio cristão em si, tudo na humanidade implica uma viagem em busca de um sinal, não exatamente a viagem da alucinação química (drogas) ou da religiosa (preces), mas na capacidade de caminhar na direção da esperança.

Ainda que não se encontre a salvação, o simples fato de "ir" justifica grande parte da miséria humana.



CARLOS HEITOR CONY

Folha de São Paulo, December 25, 2008
"O presépio não é o pórtico airoso com que os pintores da Renascença, envergonhados com a pobreza de seu Deus, criaram para o consumo dos crentes".

( GIOVANNI PAPPINI ).
QUANDO VC ACHOU TER TODAS AS RESPOSTAS,
O QUE MAIS PODERIA LHE FALAR ???

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

" É possível amar e não ser feliz, é possível ser feliz e não amar, mas amar e simultaneamente ser feliz, isso seria milagre. "
(Honoré de Balzac)


" O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes. "
(Rainer Maria Rilke)


" Na raiz de quase todas as misérias materiais e, sobretudo, morais, está uma falta de amor, uma fome de afeição que não foi satisfeita. "
(Georges Arnold)
" A vida revela-se ao mundo como uma alegria. Há alegria no jogo eternamente variado dos seus matizes, na música das suas vozes, na dança dos seus movimentos. A morte não pode ser verdade enquanto não desaparecer a alegria do coração do ser humano. " (Rabindranath Tagore)