terça-feira, 15 de setembro de 2009

perguntam-me como me tornei louco.
aconteceu assim:

um dia, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado
em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias gritando:

'ladrões, ladrões, malditos ladrões!'

homens e mulheres riram e alguns correram para casa, com medo de mim.
e quando cheguei à praça do mercado, um garoto gritou de cima de um telhado:

'é um louco!'

olhei para cima, para vê-lo.
pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,e não desejei mais minhas máscaras.
e, como num transe, gritei:

'benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!'

assim me tornei louco.
e encontrei tanto liberdade como segurança na loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

(gibran kahlil gibran)

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